O Banco Mundial é menos optimista que o Governo moçambicano no que diz respeito ao crescimento económico do país. De acordo com as previsões da instituição financeira internacional, o Produto Interno Bruto (PIB) de Moçambique, instrumento que mede a riqueza nacional, poderá crescer 5% no ano de 2024 e 5% em 2025. Trata-se de uma previsão optimista, quando comparada com o crescimento de 5,5% esperado pelo Governo, segundo o Plano Económico e Social e Orçamento de Estado para o ano corrente. Entretanto, estimativas do Banco Mundial apontam ainda para um crescimento da economia nacional de 6% no ano de 2023, sustentado pelo aumento da produção de gás natural liquefeito, carvão mineral e alumínio. O crescimento de Moçambique segue uma direcção contrária ao registado pela África Subsaariana como um todo. De acordo com o Banco Mundial, o crescimento da região desacelerou para cerca de 2,9 por cento em 2023, ou seja, depois da projecção de 3,2%, feita pela instituição em Junho. “Prevê-se que o crescimento na África Subsariana acelere para 3,8% em 2024 e se firme ainda mais para 4,1 por cento em 2025, à medida que as pressões inflacionistas e as condições financeiras diminuem”, aponta o último relatório do Banco Mundial. Nas três maiores economias da região subsaariana, nomeadamente, Nigéria, África do Sul e Angola, o crescimento abrandou para uma média de 1,8 por cento no ano passado, o que retraiu o crescimento da região. “Na Nigéria, a maior economia da região, o crescimento abrandou para cerca de 2,9% em 2023. O declínio no crescimento dos serviços foi parcialmente impulsionado por uma política disruptiva de desmonetização da moeda, que envolveu a substituição de antigas notas de nair de alto valor por notas redesenhadas a partir de Dezembro de 2022, mas foi invertida em Novembro de 2023”, explica a instituição financeira. Segundo o último relatório do Banco Mundial sobre Perspectivas Económicas Globais, a África do Sul registou um novo abrandamento do crescimento para cerca de 0,7% em 2023, atribuído ao aperto da política monetária, ao impacto da crise energética e aos problemas de transportes. Por seu turno, o crescimento em Angola enfraqueceu para cerca de 0,5%, com os campos petrolíferos em maturação, a contribuir para uma menor produção petrolífera, conduzindo a quebras de receitas e desencadeando cortes nas despesas públicas. De acordo com o Banco Mundial, nos outros países da região, o crescimento abrandou para 3,9%, devido, em parte, à queda acentuada do crescimento dos países exportadores de metais e dos respectivos preços. Outro factor que contribuiu para a queda da economia regional são os conflitos prolongados que dificultaram o crescimento em vários países. “De um modo mais geral, as recuperações pós-pandemia foram abrandadas pelo enfraquecimento da procura externa e pelo aperto da política interna para fazer face à inflação persistente”, entende o Banco. Segundo o relatório, o custo de vida continua elevado na África Subsaariana, o que agravou as dificuldades económicas dos pobres e aumentou a insegurança alimentar em toda a região. RISCOS E INCERTEZAS De acordo com o Banco Mundial, as perspectivas acima apresentadas estão sujeitas a vários riscos negativos, que incluem um aumento da instabilidade política e da violência, como a intensificação do conflito no Médio Oriente, perturbações no comércio e na produção global ou local, aumento da frequência e intensidade de fenómenos meteorológicos adversos e um abrandamento económico global mais acentuado. “Uma escalada do conflito no Médio Oriente poderia exacerbar a insegurança alimentar na África Subsariana, uma vez que um aumento sustentado do preço do petróleo induzido pelo conflito não só aumentaria os preços dos alimentos, aumentando os custos de produção e transporte, mas também poderia perturbar as cadeias de abastecimento”, alertam especialistas da instituição financeira internacional. O Banco explica que, embora os preços globais dos alimentos e da energia tenham recuado dos seus picos em 2022, as perturbações no comércio e na produção globais ou locais poderão agravar o custo de vida, especialmente a inflação dos preços dos alimentos, em toda a região. “Tais perturbações, especialmente na mineração e na agricultura, poderão ser desencadeadas por fenómenos meteorológicos extremos ligados, em parte, às alterações climáticas. Novos aumentos nos conflitos violentos poderão empurrar o crescimento para abaixo do valor de base e resultar em crises humanitárias prolongadas em muitos países economicamente mais vulneráveis da África Subsaariana”, diz o relatório. O relatório alerta ainda que o aumento acentuado dos custos do serviço da dívida pública em muitas economias da região desde a pandemia aumentou a necessidade de redução da dívida, especialmente em países altamente endividados, tais como Moçambique. RECUOS NA ECONOMIA GLOBAL A economia global deverá acumular “um triste recorde até ao final de 2024” – a meia década mais lenta do crescimento do PIB em 30 anos, de acordo com o último relatório do Banco Mundial sobre Perspectivas Económicas Globais. Tal acontece num contexto em que o mundo se aproxima do ponto médio daquela que se pretendia ser uma década transformadora para o desenvolvimento. “Por um lado, a economia global está numa situação melhor do que há um ano: o risco de uma recessão global diminuiu, em grande parte, devido à força da economia dos EUA. Mas as crescentes tensões geopolíticas poderão criar novos perigos a curto prazo para a economia mundial”, alertam os especialistas do Banco Mundial. Entretanto, as perspectivas a médio prazo tornaram-se sombrias para muitas economias em desenvolvimento, segundo o relatório, num contexto de abrandamento do crescimento na maioria das principais economias, de um comércio global lento e das condições financeiras mais restritivas das últimas décadas. “Prevê-se que o crescimento do comércio global em 2024 seja apenas metade da média da década anterior à pandemia. Entretanto, os custos dos empréstimos para as economias em desenvolvimento – especialmente aquelas com fracas notações de crédito – deverão permanecer elevados, com as taxas de juro globais estagnadas nos máximos das últimas quatro décadas, em termos ajustados à inflação”, conclui o relatório do Banco Mundial.

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